História da
Contabilidade
A
Contabilidade existe desde os primórdios da civilização e, durante um longo
período, foi tida como a arte da escrituração mercantil. Utilizava técnicas
específicas, que foram se aperfeiçoando e especializado, sendo algumas delas
aplicadas até hoje.
Não
obstante a origem milenar da contabilidade, identificada por historiadores como
praticada em tempos remotos da civilização, embora de forma rudimentar e não-sistematizada.
O
Homem se enriquecia, e isso demandava o estabelecimento de técnicas para
controlar e preservar seus bens. Aí se inicia a história da contabilidade, que
segundo historiadores e estudiosos, se divide em quatro períodos:
·
Contabilidade do Mundo Antigo
Período
que se inicia com a civilização do homem e vai até 1202 da Era Cristã,
quando apareceu o livro Liber Abaci, da autoria de Leonardo Pisano.
·
Contabilidade do Mundo Medieval
Período
que vai de 1202 da Era Cristã até 1494, quando apareceu o Tratactus de
Computis et Scripturis(Contabilidade por Partidas Dobradas) de Frei Luca
Paciolo, publicado em 1494, enfatizando que á teoria contábil do débito e do
crédito corresponde a teoria dos números positivos e negativos, obra que
contribuiu para inserir a contabilidade entre os ramos do conhecimento humano.
·
Contabilidade do Mundo Moderno
Período
que vai de 1494 até 1840, com o aparecimento da obra: La Contabilità
Apllicatta alle Amministrazioni Private e Pubblicheda autoria de Franscesco
Villa, premiada pelo governo da Áustria. Obra marcante na história da
contabilidade.
·
Contabilidade do Mundo Moderno
Período
que se inicia em 1840 e continua até os dias de hoje.
PERÍODO
ANTIGO
A contabilidade empírica, praticada pelo homem primitivo, já tinha como o
objetivo o Patrimônio, representado pelos rebanhos e outros bens em seus
aspectos quantitativos..
Os
primeiros registros se processaram de forma rudimentar, na memória do homem.
Como este é um ser pensante, inteligente, logo encontrou formas mais eficientes
de processar seus registros utilizando gravações e outros métodos
alternativos.
O
inventário exercia um importante papel, pois a contagem era o método adotado
para o controle dos bens, que era classificados segundo a natureza: rebanho,
metais, escravos, etc. A palavra "Conta" designa o agrupamento de
itens da mesma espécie.
As
primeiras escritas contábeis datam do término da Era da Pedra Polida, quando o
homem conseguiu fazer seus primeiros desenhos e gravações.
Os
primeiros controles eram estabelecidos pelos templos, o que perdurou por vários
séculos.
Os
Súimero-babilônios, assim como os assírios, faziam seus registros em peças
de argila, retangulares ou ovais, ficando famosas as pequenas tábuas de Uruk,
que mediam aproximadamente 2,5 a 4,5 centímetros, tendo faces ligeiramente
convexas.
Os
registros combinavam o figurativo com o numérico. Gravavam-se a cara do animal
cuja existência se queria controlar e o número correspondente às cabeças
existentes.
Embora
rudimentar, o registro, em sua forma, assemelhava-se ao que hoje se processa. O
nome da conta, "Matrizes", por exemplo, substituiu a figura gravada,
enquanto o aspecto numérico se tornou mais qualificado, com o acréscimo do
valor monetário ao quantitativo. Esta evolução permitiu que, paralelamente à
"Aplicação", se pudesse demonstrar, também, a sua
"Origem".
Na
cidade de Ur, na caldéia, onde viveu Abraão, personagem bíblico que aparece
no livro de Gênesis, encontram-se, em escavações, importantes documentos contábeis:
tabela de escrita cuneiforme, onde estão registradas contas referentes a mão-de-obra
e materiais, ou seja, Custo Direto. Isto significa que, há 5.000 anos antes de
cristo, o homem já considerava fundamental apurar os seus custos.
O
Sistema Contábil é dinâmico e evolui com a duplicação de documentos e
"Selos de Sigilo". Os registros se tornaram diários e,
posteriormente, foram sintetizados em papiros ou tábuas, no final de
determinados períodos. Sofreram nova sintetização, agrupando-se vários períodos,
o que lembra o diário, o balancete mensal e o balanço anual.
Já
se estabelecia o confronto entre variações positivas e negativas,
aplicando-se, empiricamente, o Princípio da Competência. Reconhecia-se a
receita, a qual era confrontada com a despesa.
Os
Egípcios legaram um riquíssimo acervo aos historiadores da Contabilidade, e
seus registros remotam a 6.000 anos antes de Cristo.
A
escrita no Egito era fiscalizada pelo Fisco Real, o que tornava os escriturários
zelosos e sérios em sua profissão. O Inventário se revestia de tal importância,
que a contagem do boi, divindade adorada pelos egípcios, marcava o inicio do
calendário adotado. Inscreviam-se bens e móveis e imóveis, e já se
estabeleciam, de forma primitiva, controles administrativos e financeiros.
As
"Partidas de Diário" assemelhavam-se ao processo moderno: o registro
se iniciava com a data e o nome da conta, seguindo-se quantitativos unitários e
totais, transportes, se ocorresse, sempre em ordem cronológica de entradas e saídas.
Pode-se
citar, entre outras contas: "Conta de Pagamento de escravos",
"Conta de Vendas Diárias", "Conta Sintética Mensal dos Tributos
Diversos", etc.
Tudo
indica que foram os egípcios os primeiros povos a utilizar o valor monetário
em seus registros. Usavam como base, uma moeda, cunhada em ouro e prata,
denominada "Shat". Era a adoção, de maneira prática. do Princípio
do Denominador Comum Monetário.
Os
gregos, baseando-se em modelos egípcios, 2.000 anos antes de Cristo, já
escrituravam Contas de Custos e Receitas procedendo, anualmente, a uma confrontação
entre elas, para apuração do saldo.
Os
gregos aperfeiçoaram o modelo egípcio, estendendo a escrituração contábil
às várias atividades, como administração pública, privada e bancária.
Quanto
aos romanos, a documentação neste período é quase inexistente.
PERÍODO
MEDIEVAL
Na Itália, em 1202, foi publicado o livro Liver Abaci, de leonardo Pisano.
Estudavam-se,
na época, técnicas matemáticas, pesos e medidas, câmbio. etc., tornando o
homem mais evoluído em conhecimentos comerciais e financeiros.
Se
os súimeros-babilônicos plantaram a semente da Contabilidade e os egípcios a
regaram, foram os italianos que fizeram o cultivo e a colheita.
Foi
um período importante na história do mundo, especialmente na história da
Contabilidade denominado a "Era Técnica", devido às grandes invenções,
como moinho de vento, aperfeiçoamento da bússola, etc., que abriram novos
horizontes aos navegadores, como Marco Pólo e outros.
A
indústria artesanal proliferou com o surgimento de novas técnicas no sistema
de mineração e metalúrgica. O comércio exterior incrementou-se por intermédio
dos venezianos, surgindo, como conseqüência das necessidades da época, o
livro-caixa, que recebia registros de recebimentos e pagamento em dinheiro. Já
se utilizavam, de forma rudimentar, o débito e o crédito, oriundos das relações
entre direitos e obrigações, e referindo-se, inicialmente, a pessoas.
O
aperfeiçoamento e o crescimento da Contabilidade foram a conseqüência natural
das necessidades geradas pelo advento do capitalismo, nos séculos XII e XIII. O
processo de produção na sociedade capitalista gerou a acumulação de capital,
alterando-se as relações de trabalho. O trabalho escravo cedeu lugar ao
trabalho assalariado, tornando os registros mais complexos. No século X,
apareceram as primeiras corporações na Itália, transformando e fortalecendo a
sociedade burguesa.
No
final do século XIII apareceu, pela primeira vez a conta "Capital",
representando o valor dos recursos injetados nas companhias pela família
proprietária.
O
método das Partidas Dobradas teve sua origem na Itália, embora não se possa
precisar em que região. Seu aparecimento implicou a adoção de outros livros
que tornassem mais analítica a Contabilidade, surgindo, então, o Livro da
Contabilidade de Custos.
No
início do Século XIV, já se encontravam registros explicitados de custos
comerciais e industriais, em suas diversas fases: custo de aquisição, custo de
transporte e dos tributos; juros sobre capital, referente ao período
transcorrido entre a aquisição, o transporte e o beneficiamento; mão-de-obra
direta agregada; armazenamento; tingimento, etc., o que representava uma
apropriação bastante analítica para época. A escrita já se fazia no moldes
de hoje, considerando, em separado, gastos com matérias-primas, mão-de-obra
direta a ser agregada e custos indiretos de fabricação. Os custos eram
contabilizados por fases separadamente, até que fossem transferidos ao exercício
industrial.
PERÍODO
MODERNO
O período moderno foi a fase da pré-ciência. Devem ser citados três eventos
importantes que ocorreram neste período:
Em
1493, os turcos tomaram Constantinopla, o que fez com que grandes sábios
bizantinos emigrassem, principalmente para Itália;
Em
1492, é descoberta a América, e em 1500, o Brasil, o que representava um
enorme potencial de riquezas para alguns países europeus;
Em
1517, ocorreu a reforma religiosa: Os protestantes, perseguidos na Europa,
emigram para as Américas, onde se radicaram e iniciaram nova vida.
A
Contabilidade tornou-se uma necessidade para se estabelecer o controle das inúmeras
riquezas que o Novo Mundo representava.
O
aparecimento da obra de Frei Luca Pacioli, contemporâneo de Leonardo da Vinci,
que viveu na Toscana, no século XV, marca o inicio da fase moderna da
Contabilidade.
Pacioli
foi matemático, teólogo, contabilista entre outras profissões. Deixou muitas
obras, destacando-se a Summa de Arithmética, Geometria, Proportioni et
Proporcionalitá, impressa em Veneza, na qual está inserido o seu tratado sobre
Contabilidade e Escrituração.
Pacioli,
apesar de ser considerado o pai da contabilidade, não foi o criador das
Partidas Dobradas. O método já era utilizado na Itália, principalmente na
Toscana, desde o Século XIV.
O
tratado destacava, inicialmente, o necessário ao bom comerciante. A seguir
conceituava inventário e como faze-lo. Discorria sobre livros mercantis:
memorial, diário e razão, e sobre a autenticação deles; sobre registros de
operações: aquisição, permuta, sociedade, etc.; sobre contas em geral: como
abrir e como encerrar; contas de armazenamento; lucros e perdas, que na época,
eram "PRO" e "DANO"; sobre correções de erros; sobre
arquivamento de contas e documentos, etc.
Sobre
o Método das Partidas Dobradas, Frei Luca Pacioli expôs a terminologia
adotada:
"PER",
mediante o qual se reconhece o devedor;
"A",
pelo qual se reconhece o credor.
Acrescentou
que, primeiro deve vir o devedor, e depois o credor, prática que se usa até
hoje
A
obra de Pacioli não só sistematizou a Contabilidade, como também abriu
precedentes para novas obras pudessem ser escritas sobre o assunto.
PERÍODO
CIENTIFICO
O Período Científico apresenta, em seus primórdios, dois grandes autores
consagrados: Francesco Villa, escritor milanês, contador Público, que , com
sua obra La Contabilità Applicatta alle administrazioni Private e Plubbliche,
inicia a nova fase; e Fábio Bésta, escritor veneziano.
Os
estudos envolvendo a Contabilidade fizeram surgir três escolas do pensamento
contábil: a primeira, chefiada por Francisco Villa, foi a Escola Lombarda; a
segunda, a Escola Toscana, chefiada por Giusepe cerboni; e a terceira, a Escola
Veneziana, por Fábio Bésta.
Embora
o século XVII tivesse sido o berço da era científica e Pascal já tivesse
inventado a calculadora, a ciência da Contabilidade ainda se confundia com a ciência
da Administração, e o patrimônio se definia como um direito, segundo
postulados jurídicos.
Nessa
época, na Itália, a Contabilidade já chegara à universidade, o que no
Brasil, só ocorreu muito mais tarde. a Contabilidade começou a ser lecionada
com a aula de comércio da corte, em 1809.
A
obra de Francesco Villa foi escrita para participar de um concurso sobre
Contabilidade, promovido pelo governo da Áustria, que reconquistara a
Lombardia, terra natal do autor. Além do prémio, Villa teve o cargo de
Professor Universitário.
Francisco
Villa extrapolou os conceitos tradicionais de Contabilidade, segundo os quais
escrituração e guarda livros poderiam ser feita por qualquer pessoa
inteligente. Para ele, a Contabilidade implicava conhecer a natureza, os
detalhes, as normas, as leis e as práticas que regem a matéria administradas,
ou seja, o patrimônio. Era o pensamento patrimonialista.
Foi
o inicio da fase científica da Contabilidade.
Fábio
Bèsta, seguidor de Francesco Villa, superou o mestre em seus ensinamentos.
Demonstrou o elemento fundamental da conta, o valor, e chegou, muito perto de
definir Patrimônio como objeto da Contabilidade.
Foi
Vicenzo Mazi, seguidor de Fábio Bèsta, quem pela primeira vez, em 1923,
definiu Patrimônio como objeto da Contabilidade.
O
enquadramento da Contabilidade como elemento fundamental da equação
aziendalista, teve, sobretudo, o mérito incontestável de chamar atenção para
o fato de que a Contabilidade é muito mais do que mero registro; é um
instrumento básico de gestão.
Os
defeitos da escola Európeia teve como base, como vimos, o peso excessivo da
teoria, sem demonstrações práticas, sem pesquisas fundamentais: a exploração
teórica das contas e o uso exagerado das partidas dobradas, inviabilizando, em
alguns casos, a flexibilidade necessária, principalmente, na Contabilidade
Gerencial, preocupando-se demais em demonstrar que a Contabilidade era uma ciência
ao invés de dar vazão a pesquisa séria de campo e de grupo.
Encerramos
por aqui este breve retrospecto dos acontecimentos mais importantes, no âmbito
da escola italiana de Contabilidade. O fato é que, a partir de 1920,
aproximadamente, se inicia a fase de predominância norte-americana dentro da
Contabilidade.
Escola
Norte-Americana
Enquanto declinava as escolas européias, florescia as escolas norte-americanas
com suas teorias e práticas contábeis, favorecida não apenas pelo apoio de
uma ampla estrutura econômica e política mas também pela pesquisa e trabalho
sério dos órgãos associativos. O surgimento do American Institut Of Certield
Public Accountants foi de extrema importância no desenvolvimento da
Contabilidade e dos princípios contábeis; várias associações empreenderam
muitos esforços e grandes somas em pesquisas nos Estados Unidos. Havia uma
total integração entre acadêmicos e os já profissionais da Contabilidade, o
que não ocorreu com as escolas européias, onde as universidades foram
decrescendo em nível, em importância.
A
criação de grandes empresas, como as multinacionais ou transnacionais, por
exemplo, que requerem grandes capitais, de muitos acionistas, foi a causa
primeira do estabelecimento das teorias e práticas contábeis, que permitissem
correta interpretação das informações, por qualquer acionista ou outro
interessado, em qualquer parte do mundo.
Nos
inícios do século atual, surgiram as gigantescas corporations, aliado ao
formidável desenvolvimento do mercado de capitais e ao extraordinário ritmo de
desenvolvimento que os Estados Unidos da América experimentou e ainda
experimenta, constituiu em campo fértil para o avanço das teorias e práticas
contábeis. Não é à-toa que atualmente o mundo possui inúmeras obras contábeis
de origem norte-americanas que tem reflexos diretos nos paises de economia, como
por exemplo o BRASIL.
O
Brasil e a Contabilidade
A Contabilidade, no Brasil, provavelmente, começou a ser lecionada com a aula
de comércio da corte, em 1809, que foi a Escola de Comércio Álvares Penteado,
e com a transformação desta, em 1856, em Instituto Comercial do Rio de
Janeiro, sendo o Brasil um dos primeiros países a ter um estabelecimento de
Ensino Superior de Contabilidade, a Escola de Comércio Álvares Penteado,
criada em 1902, a primeira escola especializada no ensino da Contabilidade.
O
Brasil sofreu forte influência da corrente italiana primeiramente, até a
antiga lei das Sociedades Anônimas, sem perder os traços de uma escola
verdadeiramente brasileira.
Por
volta de 1920 a 1940 cada empresa comercial ou industrial (naquele tempo não se
falava "empresa", dizia-se "firma") tinha o seu
"guarda-livros", geralmente um homem bem intencionado mas de pouca
formação técnica, sem haver freqüentado escolas ou cursos de especialidade,
aprendera pela prática ou pelo empirismo.<O:P</O:P
O
guarda-livros fazia tudo: a Contabilidade da firma, a sua escrituração, a sua
correspondência, os seus contratos e destrato, preenchia os cheques, fazia
pagamentos e recebimentos, em fim era o "factotum". Era o tempo e que
se predominavam as práticas.
Os
guarda-livros prestaram muitos serviços dentro de suas limitadas
possibilidades.
A
partir da resolução n° 220 e da circular 179 do Banco Central, O Brasil passa
a sofrer inspiração norte americana. Foi com a instalação do curso de Ciências
Contábeis e Atuariais pela Faculdade da USP em 1946, que o Brasil ganhou seu
primeiro núcleo efetivo, embora modesto, de pesquisa contábil, nos modelos
norte-americanos, ou seja, com professores em regime de serviço integral,
dedicando-se ao ensino, a pesquisa; produzindo trabalhos específicos de caráter
científico, portanto de grande importância para a contabilidade.
Entre
grandes mestres da ciência brasileira, podemos citar Francisco D'Auria,
Frederico Herman Jr., que embora também cometesse grandes efeitos como é o
caso do primeiro deles, considerado "mais brasileiro", entre os mais
ilustres da época, suas obras se perdiam em qualidade por serem por demais
prolixas.
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